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Júri

Réu é condenado a 20 anos por feminicídio na zona rural

Luciano Madeira - Réu disse que fugiu porque ficou desesperado

Aconteceu nesta terça-feira, 29 de julho, o julgamento de Márcio Edenir Menezes Jardim, de 47 anos, natural de Bagé. Ele foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado, sem o direito de recorrer em liberdade, já que aguardou o julgamento no Presídio Regional de Bagé. 

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o réu, por volta das 21h25min do dia 12 de fevereiro de 2024, na Fazenda San Luiz, localizada na estrada do Piraí, zona rural de Bagé, matou Shaiane Machado da Rosa.  

Conforme consta na denúncia do Ministério, o motivo do crime foi repugnante, o que dificultou a defesa da vítima e foi contra a mulher por razões de condição do sexo feminino, uma vez que envolveu violência doméstica. 

A vítima foi até a propriedade rural onde Jardim estava trabalhando como caseiro, pois eles tinham um relacionamento. Mas o réu tinha ciúmes de Shaiane, e consta na denúncia que ele ficou descontente com o horário em que ela chegou.  

Eles tiveram uma discussão e, sem que Shaiane esperasse, Márcio Edenir Menezes Jardim desferiu um disparo de arma de fogo na cabeça da vítima. 

Após atirar contra a companheira, Jardim abandonou um revólver calibre 36, que usou para matar Shaiane. A arma era do proprietário da propriedade rural. 

Depoimento 

O réu disse que mantinha um relacionamento com a vítima havia aproximadamente cinco meses e que, naquele dia, ela tinha vindo de tarde a Bagé e enviou uma mensagem dizendo que tinha chegado bem, mas que não tinha conseguido carona para voltar. "Aí eu falei: chama um aplicativo que eu pago aqui, e foi o que aconteceu."  

E seguiu: "Como já era noite, eu achei que ela nem ia voltar, e foi quando ouvi um carro buzinar. Mas como não sabia quem era, fiquei dentro de casa. Eu estava na sala com o revólver em cima do sofá, pois a arma era do meu patrão. Ele nunca mandou eu usar o revólver, mas como eu sabia onde ficava, eu usava para minha defesa, pois tinha medo de algum assalto, porque sempre ficava com bastante dinheiro em casa, pois na estância tem um bolicho e uma agropecuária."  

Trabalhador 

O réu prosseguiu: "Ela chegou bastante alterada e parecia que estava sob efeito de alguma coisa, pois ela era usuária de drogas. E foi nesse momento que tivemos uma discussão. Eu estava na sala tomando mate e com o revólver perto, e nesse momento ela tentou pegar a arma. Eu fui mais rápido que ela, peguei a arma e fui saindo em direção à cozinha. A Shaiane estava atrás de mim e tentava pegar o revólver, e dizia: ‘Me dá essa arma’. Não sei se ela queria se matar ou me matar, porque ela estava bastante alterada."  

Jardim disse que manteve, em todo momento, a arma apontada para baixo, mas que "ela conseguiu entrar entre os meus braços e puxou as minhas mãos, e foi nesse momento que eu só ouvi o estouro". Ele completou o relato: "Achei que o tiro tinha acertado na janela, mas foi quando ela veio caindo em cima de mim. Eu me assustei, larguei o revólver no chão e ela caiu."  

"Eu nunca tinha matado ninguém, pois sou um homem trabalhador e não um matador. Eu fiquei desesperado com o que tinha acontecido e fui pegar o telefone para pedir socorro, mas o celular estava sem carga. Aí fui pegar o carregador e consegui mandar mensagem de áudio para o meu patrão, que estava no Cassino, relatando o que tinha acontecido. E me fui estrada afora para tentar ver se passava alguém para pedir socorro, mas não passava ninguém. Aí fiquei apavorado, fechei tudo e fui embora para o meio do mato", afirmou.  

"Não sou ciumento" 

O réu disse que não tinha nenhum motivo para ser ciumento. "Eu estava muito feliz com ela e não tinha motivo para matar ela. E se eu fosse ciumento, ela não teria vindo para Bagé sozinha", garantiu.  

Testemunhas, defesa e acusação  

Durante a sessão também foram ouvidas outras testemunhas: uma policial, o motorista de aplicativo que levou a vítima de Bagé até a propriedade rural, além de uma tia e uma amiga de Shaiane.  

Na acusação, atuou o promotor Pedro Santos Fernandes; na defesa, atuou o defensor público Marcus Vinicius Becker. Os trabalhos foram presididos pela juíza Naira Melkis Pereira Caminha. 

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