Hoje uma das figuras mais conhecidas de Bagé completa 80 anos: Edgar Abip Muza. O radialista e colunista do jornal Folha do Sul concedeu uma entrevista bem humorada para o repórter Luciano Madeira que foi transmitida aí vivo através das redes sociais. Ele garantiu que será lutando pelas coisas que acredita.
Falar em Muza é falar de alguém que atua em diversas áreas. Talvez a mais antiga delas seja o rádio, onde já trabalha há mais de 60 anos. Ele relembrou o início do Visão Geral, programa que perdura até hoje. “O início do Visão Geral foi na ditadura. Eu precisava escrever a sinopse do programa e entregar na Polícia Federal para ser aprovado”, relembrou. Foi lá, inclusive, que disseram que a cantora Alcione não poderia se apresentar na cidade, ainda no início da sua carreira, já que não tinha a carteira da Ordem dos Músicos. “Nós fomos lá e fizemos. O registro dela foi tirado aqui em Bagé”, contou.
Mas, o começo de tudo foi através da formatura ginasial, quando recebeu o convite para trabalhar em rádio após conseguir ganhar mais do que a comissão prometida. E, de cara, a primeira transmissão foi em uma de suas grandes paixões, o Jockey Clube. “Meu pai era mascate e as vezes os gaúchos se reuniam em volta e faziam de improviso uma ‘penca’. Aí começou a minha paixão”, declarou. A paixão segue forte até hoje, já que todos os anos ele vai para o Rio de Janeiro acompanhar o Grande Prêmio Brasil.
Outra de suas grandes paixões é o Carnaval. Ao ser questionado sobre como está a atual situação da festa, ele não teve dúvidas em declarar que “do jeito que tá agora, morreu”. Muza já organizou diversos desfiles e o concurso Rainha do Carnaval, a maioria deles financiados com campanhas através do rádio e de rifas, contando com a ajuda da população.
E, não menos importante, outra grande paixão do radialista é o futebol, sobretudo local. Muza pode ser considerado um dos maiores incentivadores da dupla Ba-Gua, tendo já ajudado ambas as equipes. “Eu saía com os presidentes da época para vender ingressos”, disse. Por isso, ao ser questionado para qual time vai a sua torcida, ele diz “eu sou Ba-Gua”.
Mas, uma das coisas que mais marca os bageenses é a sua solidariedade. Muza já organizou diversas campanhas no rádio por diferentes causas. Seja uma passagem para alguém que não consegue sair da cidade e voltar para casa, ou uma cadeira de rodas para alguém necessitado, o importante é ajudar. “As vezes eu falo no microfone e em poucos minutos aparece alguém ajudando”, se orgulha.
E nesse pensamento de sempre ajudar ao próximo, uma das maiores lutas da vida do decano do rádio bageense é a Radioterapia. Muza relembrou os motivos que o levaram a travar essa batalha, uma amiga que passou por muitas dificuldades viajando todos os dias para fazer o tratamento, e a campanha na primeira Consulta Popular, em 1998, onde conquistou mais de 13 mil votos em prol do tratamento na região.
Porém, mesmo com tantas conquistas, há um sonho que ele não desiste: o restaurante panorâmico. “Eu vou continuar insistindo até acontecer. Eu insisti 20 anos para que o Carnaval fosse para a Caetano Gonçalves”, garantiu.
Sobre os seus 80 anos de vida, Muza não hesita em dizer que tudo o que passou serviu de exemplo e o que julga ser errado procura não repetir. E faz questão de se autodefinir como “teimoso e senil”.