Um dos homens mais conhecidos pelo maior esquema de agiotagem na década de 90 em Bagé, Volme Lemos da Silva, conhecido como Brito, morreu ontem, aos 71 anos. Ele enfrentava um câncer e estava internado na Santa Casa de Caridade. Era solteiro e não tinha filhos.
Brito era eletricitário, mas ficou conhecido em Bagé e na região como agiota porque emprestava dinheiro e pagava até 15% de juro, o que motivada moradores de cidades vizinhas a ir até a rua Osvaldo Amaral, que era famosa por ser o “Beco do Brito”, e fica à meia quadra do Fórum. Durante a semana se formavam grandes filas de pessoas que iam até o local colocar dinheiro e outros apenas para pegar o juro do valor aplicado.
As pessoas entravam por um portão que dava acesso ao pátio da casa. No local havia cadeiras para não esperarem em pé. Também existia um forte esquema de segurança, desde monitoramento até homens que faziam o trabalho de segurança. No interior da casa , Brito ficava com um volume de dinheiro sobre a mesa. Quando a pessoa entregava o dinheiro, ele conferia jogava na mesa e dava um cheque para ser descontado no prazo de 30 dias.
Derrocada e prisão
Em novembro de 1997 começaram rumores na cidade de que o agiota poderia deixar Bagé e isso fez com que várias pessoas fossem até a casa de Brito para tentar reaver o dinheiro que havia sido aplicado.
Numa investigação da Polícia Federal, Brito acabou sendo preso e condenado pelo crime de lavagem de dinheiro em fevereiro de 1998. Após cumprir um 1/6 da pena, ele foi colocado em liberdade condicional (tendo que trabalhar de dia e dormir no presídio).
A notícia da prisão do agiota teve repercussão nacional. Após deixar a prisão Brito começou a trabalhar com couro e sempre era visto pela Praça da Estação. Em uma entrevista ao extinto jornal Correio do Sul, ao ser questionado sobre o dinheiro, ele disse que não tinha ficado com um real.