Ex-costureira, que dorme bastante e tem  disposição para comer, chega aos 105 anos

Cabelos brancos como algodão, unhas pintadas, brincos e anéis nos dedos das duas mãos. No pescoço, um lencinho branco. A mulher, que passou pelas duas grandes guerras mundiais e viu a pandemia do coronavírus assustar o planeta, chega aos 105 anos neste sábado, sem descuidar da vaidade. Elaine Vieira dos Santos espera a reportagem em sua residência, localizada em um ponto alto da rua João Telles. Ela, que é uma das mais longevas em idade na Rainha da Fronteira, é uma leitura voraz de jornal. Atualmente, logo ao acordar, ainda na cama, toma leite e depois pega o Folha do Sul para ler. Disso, a idosa não abre mão e a primeira leitura é a lista dos aniversários.

Com 105 anos e uma memória ainda invejável para quem atinge essa idade, a única limitação é a audição. Natural de São Gabriel, veio para Bagé ainda moça, quando casou com o fiscal de trem Henrique dos Santos. Na Rainha da Fronteira, por 15 anos, manteve um atelier – foi costureira da alta sociedade junto com uma cunhada. Pelas mãos de Elaine, passavam vestidos de debutantes e de quem frequentava festas de elite. Uma das famílias que a idosa mais lembra da época são os Tavares.

Na conversa com a reportagem, auxiliada pela filha, a professora Ana Maria, a idosa troca de posição na cadeira e o semblante muda quando perguntada se lembra do ex-presidente, o gaúcho Getúlio Vargas. “Lembro sim, como não vou lembrar, era um governador muito bom “, sentencia.

Outra paixão é o Grêmio de Porto Alegre. A idosa não perde uma partida do tricolor. Instigada pela reportagem sobre as sucessivas derrotas do time no Campeonato Brasileira, ela responde: “Ele anda perdendo”.

Sono revitalizador

Quando perguntada sobre o que uma pessoa pode fazer para atingir essa idade, Elaine não titubeia e diz que é dormir. E admite que é uma dorminhoca. “Adoro me deitar e tirar um sono, durmo muito”, diz, sem rodeios. Com relação a alimentação, afirma que come de tudo. “Graças a Deus tenho disposição para comer”, garante. Bebida alcóolica não: gosta mesmo é de guaraná. Além disso, aprecia doces, sobretudo sorvete.

Uma festeira

Mesmo na véspera de completar os 105 anos, Elaine mantém vivos na memória os tempos que ia com ao marido para a praia do Cassino. Ela lembra que, assim que o esposo avisava que estava saindo em férias, imediatamente preparava as filhas e as duas malas e rumavam para a Noiva do Mar.

Outra lembrança ainda latente são os bailes. Elaine recorda que ela e o marido eram pé de valsa e dançavam toda a noite. Até hoje, a idosa, que caminha com amparo de um andador, gosta de passear pela cidade de carro.

Outra marca é a religiosidade. A idosa conta que é uma católica fervorosa. Ao lado da cadeira onde está sentada, tem uma Bíblia aberta. Inclusive, tem intenção de ir a missa na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora para celebrar os 105 anos.

Elaine tem duas filhas, Ana Maria Viera dos Santos e Maria de Lourdes dos Santos de Quadros, três netas e cinco bisnetos.