Escritor fala sobre a história de “uma mulher 24 horas”

Gladimir Aguzzi é redator desde o início dos anos 80, quando escreveu cartas comerciais, textos publicitários e de notícias para programas de rádio e TV. No começo, trabalhou no Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas), Rádio Clube, Probal Publicidade e Quadra Propaganda. Em 1985, esteve à frente da primeira campanha eleitoral para prefeito de Bagé, na coordenação das propagandas de rádio, TV e impresso, com Luiz Alberto Vargas e Marília Loguércio. Sempre viveu de escrever, apesar das interrupções provocadas pela paixão teatral. 

 

Em 2016, teve a primeira experiência com livro ao escrever um pouco da história política de Bagé em “A construção de uma vitória”, que é um panorama de 30 anos de vida política na Rainha da Fronteira, tendo como ponto central a vitória de Divaldo Lara para a Prefeitura, desbancando uma hegemonia de 16 anos de PT na administração do município. Agora, Gladimir Aguzzi volta a escrever um livro com o desafio de contar a história de Sonia Leite, professora, vereadora, conservadora e progressista. O título do livro: Sonia Leite, uma jornada inspiradora, da Leb Editora. 

 

Folha do Sul – Como foi escrever a história de uma pessoa como Sonia Leite, a biografia de alguém que está aí, atuante? 

Aguzzi – No primeiro momento, fiquei um pouco assustado. Porque tu, impreterivelmente, acabarás escrevendo algo a favor, sem as crises, sem os momentos amargos, e aí poderemos ter uma história desinteressante. Isso não é uma regra, isso foi o que pensei no primeiro momento.  

 

Folha do Sul – E o resultado atendeu às expectativas? 

Aguzzi – Não. Acho que acertei a mão sem entrar nessa de “como estou fazendo para a Sonia, conversando com a Sonia, recebendo material de arquivo da própria Sonia, tenho que escrever só o que é bom para a Sonia”. Não foi assim. E quando digo que acertei a mão, acredito que tenha conseguido construir uma grande aventura, porque a vida da Sonia é uma grande aventura, que começa antes dela nascer, com seu avô Herculano Alsina Gomes, que foi um homem além do seu tempo.  

 

Folha do Sul – O que há de mais interessante no livro? 

Aguzzi – São as surpresas de uma mulher que é 24 horas, incansável, que aos 20 anos resolveu que faria uma escola para ensinar adultos que não tiveram a oportunidade na vida, e fez; que ao se aposentar do magistério descobriu uma nova vida, intensa, pública, ativa; que cria para si um código de ética, próprio, que precisa cumprir a qualquer custo, onde o mandamento número um é não à corrupção. Sonia Leite reinventou o voluntariado e descobriu que o gabinete da Câmara pode ser muito útil à população. E tem a aventura ao conhecer o futuro marido Adão Trein Leite, o luto eterno da vó que deu origem ao Presépio da Família Herculano Gomes, a entrevista que mudou o Lar Santo Estevão para sempre. Enfim, tem os jargões na tribuna da Câmara, a polêmica do Sopão da Criança, o abandono em campanha política e a luta pelo centro de perícias. História não falta. 

 

Folha do Sul – Valeu a pena contar Sonia Leite? 

Aguzzi – Contar uma história é sempre um prazer para mim. Agradeço muito o incentivo e o apoio do jornalista Gilmar de Quadros, que fez a primeira leitura e ajudou bastante. Aos familiares e amigos de Sonia. Principalmente ao Mauro e a Tatiane, seus filhos. O livro é um livro de Sonia Leite, mas não é um livro estático, paralisado, concordino. Acredito que acertei a mão, acertei o molho e a dosagem de pimenta.