Chefe da organização criminosa é de Bagé e comanda de dentro da Pasc

Bagé foi um dos municípios do Estado onde foi deflagrada a Operação Tríade. O alvo foi um complexo sistema de lavagem de dinheiro de uma organização criminosa sediada na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, através de outros dois grupos criminosos – um de âmbito estadual, criado no Vale dos Sinos, e outro de âmbito nacional, criado em São Paulo. O objetivo seria abastecer o tráfico de entorpecentes nos dois países e promover a lavagem de dinheiro a partir de centenas de operações ao redor do Brasil.

Foram cumpridas mais de 120 ordens judiciais de busca e apreensão, bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens e valores nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

As investigações começaram em 2020, quando a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Bagé realizou uma grande apreensão de drogas em Porto Alegre – cerca de 12 quilos de cocaína. Durante as investigações, em diversas ações integradas com o setor de Inteligência da Brigada Militar e da Polícia Rodoviária Federal de Bagé, ainda foram apreendidos aproximadamente 31 quilos de cocaína, 57 quilos de maconha e 5 quilos de crack, em diversas ações. No último dia 30 de julho a polícia desarticulou um laboratório de refino de cocaína e crack em Bagé, onde três pessoas foram presas em flagrante.

Foram presas 20 pessoas em flagrante e 22 indiciadas pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e posse de instrumentos para produção de droga. O líder da organização criminosa da fronteira está recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde cumpre mais de 120 anos de prisão, e de lá comanda a distribuição de droga para diversas cidades do Rio Grande do Sul.

O esquema criminoso investigado foi descoberto a partir da apreensão de centenas de comprovantes de depósitos bancários realizados em cidades da fronteira, cujo destino eram contas bancárias de empresas e pessoas em diversas cidades do país, especialmente nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Os criminosos, por vezes, chegavam a administrar os cartões bancários de “laranjas” para operar as contas bancárias, gerenciando o sistema de recebimento de dinheiro e contabilidade do tráfico de drogas. Depois que o dinheiro das “bocas de tráfico” era depositado, rapidamente os operadores financeiros da organização criminosa de São Paulo movimentavam em diversas contas bancárias, dificultando o rastreamento do dinheiro, e encaminhando para o pagamento da droga fora do país. O dinheiro do lucro da venda de droga voltava para as contas de familiares dos presos investigados.

Caso curioso

Durante o período da investigação o “núcleo financeiro” alvo da investida movimentou mais de R$ 78.000.000,00 em operações fraudulentas. Em um dos casos mais curiosos, uma mulher que trabalha em uma empresa de limpeza, no estado do Mato Grosso do Sul, movimentou mais de R$ 15 milhões na conta bancária da sua pessoa jurídica – que não existe (no endereço há apenas uma casa abandonada). Em outro caso, um homem de 45 anos, funcionário público do município de Campo Grande, movimentou mais de R$ 35 milhões em operações suspeitas. Ambos foram identificados e prestarão depoimentos sobre suas participações nos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

As investigações evidenciaram ainda que as organizações criminosas alvos da Operação Irmandade, deflagrada no mês passado, pelo Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc), também operavam no fornecimento de droga e de lavagem de dinheiro para a organização criminosa da fronteira.

A ação contou com policiais da Draco de Bagé, juntamente com os policiais da Draco de Canoas, Delegacia de Charqueadas e 1ª Delegacia de Polícia Civil de Pelotas.

Os Tauras na Rainha da Fronteira

Conforme o delegado titular da Draco, Cristiano Rita, os policiais investigavam um complexo sistema de lavagem de dinheiro de uma organização criminosa sediada em Bagé, através de outras duas organizações criminosas, sendo uma delas de âmbito estadual, criada na região do Vale dos Sinos, e outra de âmbito nacional, criada no estado de São Paulo. Rita disse que a organização criminosa é de Bagé, mas a origem dela nasceu em Pelotas. “Os Tauras nasceram em Pelotas, mas operam em Bagé, tanto que um homem que está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), a origem dele é de Bagé”, falou.

O líder da organização está preso na Pasc, onde cumpre mais de 120 anos de prisão, e de dentro do interior da Penitenciária comanda a distribuição de droga para diversas cidades do Rio Grande do Sul. O delegado salienta que o esquema criminoso foi descoberto a partir de centenas de comprovantes de depósitos bancários, realizados em cidades da fronteira, cujo o destino eram contas de pessoas e empresas em diversas cidades do país, especialmente nos estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.