Bispo fala sobre desafios e novidades na diocese

Na série de entrevistas que o Folha do Sul realiza, onde lideranças de diferentes segmentos fazem uma avaliação do ano e projetam 2023, na edição de hoje, o entrevistado é o bispo dom Frei Cleonir Paulo Dalbosco. O prelado abordou os desafios da diocese no pós-pandemia, a luta pela sobrevivência das paróquias, o sofrimento e a dor na pandemia, vocações e a chegada dos padres Inacianos de Santo Inácio de Antioquia para atender a Paróquia Sagrada Família em Bagé.

Entrevista

FS – Como está sendo para a diocese a retomada das atividades normais no “pós-pandemia”?

Bispo – A Diocese de Bagé, assim como todas as outras organizações da Igreja e da sociedade, precisou se reinventar para manter a comunidade na comunhão, participação e missão. Foram muitos momentos presenciais e on-line. A nossa diocese tem um grande número de lideranças motivadas e comprometidas com o projeto do Reino de Deus. Uma igreja que potencializou seus trabalhos nas dimensões religiosas, sociais e humanas.

FS – O que a igreja irá ou está fazendo para trazer de volta aqueles que se dispersaram com a pandemia?

Bispo – Em comunhão com o Papa Francisco, estamos vivendo o Sínodo da Igreja Católica Apostólica. Começou no ano 2021 e conclui no próximo ano. A primeira parte foi em nível diocesano, onde todas as pessoas foram convidadas a se expressar sobre a vida e a missão da Igreja. Em nossa diocese, foi um trabalho muito bonito. Todas as paróquias fizeram esse trabalho.

Durante o ano de 2022, foram muitas atividades, destaco algumas: formação de lideranças aconteceu de forma presencial em nível diocesano e paroquial; eEncontros e retiros para jovens e adultos: Pastoral Familiar, Emaús, Nazareth, CLJ, jovens paroquiais; organização da Pastoral da Comunicação – revitalização do site da diocese, Facebook, Instagram; instituição do Ministério da Comunhão, bênçãos, exéquias e da palavra para ministros leigos; fortalecimento das pastorais sociais: Pastoral da Criança, da Saúde, Carcerária, da Sobriedade, Cáritas, Pessoa Idosa. A solidariedade entre os grupos paroquiais e diocesanos em favor dos pobres e necessitados aumentou durante a pandemia e continua forte; assembleias diocesanas e paroquiais. Acredito que foi o ano com maior participação desde a minha chegada na diocese. Romaria Diocesana com boa participação e Natal em família. Momento encantador.

FS – Que lição deixa para a igreja esse período da pandemia – o que mudou e o que irá permanecer?

Bispo – A pandemia deixou muita dor e sofrimento, muitas lideranças de nossa diocese foram contaminadas, choramos juntos. Por outro lado, a pandemia nos fez refletir e repensar muitas questões e rever muitas atitudes, especialmente sobre o cuidado e prevenção da vida. Um dos verbos mais pronunciados foi “cuidar”.

FS – Para se manter, as paróquias tiveram que apostar muito forte na realização de galetos e pastéis, por exemplo?

Bispo – Sim, foi um tempo difícil para a sustentabilidade e manutenção das atividades. Ao mesmo tempo, percebemos como nosso povo é solidário. As paróquias, de forma humilde, buscaram alternativas para se manter: com venda de pastéis, galeto, promoções entregues nas casas, entre outras.

FS – Ao longo dos últimos anos, a diocese enfrenta o déficit de padres para atender a demanda: continua essa situação?

Bispo – Somos poucos padres para atender todas as necessidades. Ao mesmo tempo, nossa igreja conta com um grande número de lideranças que, junto com os sacerdotes, dinamizam a missão. Os ministérios leigos são uma grande benção em nossa diocese.

FS – Em relação aos religiosos consagrados, a presença deles na diocese aumentou ou diminuiu?

Bispo – Aumentou! No ano passado, 2021, chegaram os padres Oblatos de São Francisco de Salles e assumiram a Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Santana do Livramento. No próximo ano, janeiro de 2023, chega os padres Inacianos de Santo Inácio de Antioquia para atender a Paróquia Sagrada Família em Bagé. Teremos mais uma Comunidade das Irmãs Franciscanas que irão assumir a Paróquia Santo Antônio de Lavras do Sul.

FS – No que diz respeito às vocações, como a diocese trabalha nesse sentido para atrair jovens para a vida sacerdotal e religiosa?

Bispo – No dia 26 de novembro, durante assembleia diocesana, em sintonia com toda a Igreja do Brasil (CNBB), iniciamos o ano vocacional. Todas as paróquias assumiram o compromisso de rezar e motivar jovens e adultos para desenvolver uma cultura vocacional em todas as realidades paroquiais e diocesanas. Será um tempo de graça! As vocações estão aparecendo. Hoje, nossa diocese tem quatro seminaristas, dois para a Filosofia, um para Teologia e um no Ensino Médio. E vários jovens no processo de discernimento junto às suas famílias. Temos três lideranças fazendo o curso para o diaconato permanente. Nosso seminário continua acolhendo adolescentes e jovens para o discernimento vocacional. Contato com Padre Fabio no telefone e WhatsApp: (55) 9 9715 6928.

FS – Dom Cleonir, qual é ou são os maiores desafios hoje para o padre e o religioso consagrado?

Bispo – Começo com as alegrias: “a meta da vida religiosa e sacerdotal é ser feliz”. Aqueles que se encontram na vocação escolhida, mesmo com desafios e dificuldades, se mantêm firmes e animados, se entregam como discípulos e missionários do Senhor. Não existe alegria e realização maior.

FS – Quais são as prioridades da diocese para o próximo ano?

Bispo – Nossa diocese tem um plano da Ação Evangelizadora que contempla todas as realidades pastorais, missionárias e administrativas. No próximo ano, vamos fortalecer a animação vocacional e os conselhos administrativos paroquiais e diocesano.

FS – Que mensagem o bispo deixa para o povo da região da Campanha?

Bispo – Queridos e amados! Estamos chegando ao final de mais um ano. Momento para fazer um “balanço” e ver o que fica para nossas vidas e nossas famílias. É uma bela oportunidade para avaliar e purificar tudo o que fizemos e poder tirar de tudo o que foi vivido as melhores lições e luzes para o ano que se aproxima. Com alegria, desejo um feliz e abençoado Natal. Vamos aproveitar esse tempo lindo de Advento e Natal para demonstrar nossos sentimentos de amor, gratidão, reconhecimento e perdão. É tempo de renovar a alegria de viver. Tempo de sair ao encontro do próximo. Tempo de renovar a alegria de partilhar. Tempo de alegrar-se, pois podemos contar sempre com Deus. Ele está no meio de nós e nos ama. Feliz e abençoado Natal e próspero Ano Novo.