Obras de artes e equipamentos quebrados, CPUs roubadas, fezes e urina por tudo. Assim amanheceram nessa segunda- feira o primeiro e segundo andares do Palácio do Planalto. O cenário é descrito pelo presidente do PT de Bagé, Paulinho Parera, que trabalha na Secretaria de Gestão e Normas – que fica próxima ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A sensação é de incredulidade diante da devastação protagonizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no domingo.
Parera relatou que chegou cedo para trabalhar e muitas equipes de reconstrução e de limpeza já estavam atuando. E comentou que não sobrou uma foto intacta na galeria dos ex-presidentes. Havia por todo o palácio fezes e urina espalhadas. “É um cenário inacreditável que a gente nunca imaginou presenciar”, disse.
O bageense comentou que a equipe da qual faz parte estava desalojada, porque a sala, assim como as demais, teve os computadores quebrados e as CPUs roubadas.
Ameaça de bomba
Parera disse que, ontem de manhã, foi solicitado que todos evacuassem o Palácio do Planalto porque havia uma mala e a suspeita era de que, nela, houvesse uma bomba. A equipe de segurança fez a averiguação, mas não se confirmou o artefato.
De acordo com o presidente do PT de Bagé, está sendo feita varredura em todo o Palácio do Planalto para tentar identificar algo que possa trazer perigo. Parera repetiu que o cenário é inacreditável com o que aconteceu em Brasília. “Um ato terrorista de bandidos. Essas pessoas têm que ser punidas exemplarmente. Nós vivemos em uma democracia e ela tem que ser respeitada”, asseverou.
“Punição será severa”
O bageense acrescentou que as equipes estão tralhando mesmo com essas condições precárias, e disse acreditar que, em breve, será restabelecida a normalidade. “O recado para quem defende o golpe, a ditadura militar, é o seguinte: isso não vai prosperar; a punição será severa para todos aqueles que cometeram esse atos aqui em Brasília”, sustentou. E acrescentou: “Pode ter certeza – as pessoas estão sendo identificadas, de todo o país, inclusive do Rio Grande do Sul e até de Bagé”, avisou.
Obra é golpeada a faca
Entre as obras de arte que foram vilipendiadas pelos criminosos, Paulinho Parera citou o quadro de Di Cavalcanti, que está avaliado em mais de R$ 20 milhões. “Os caras furaram todo o quadro”, lamentou. A tela “Mulatas”, do artista plástico brasileiro, estava exposta em um dos salões do Palácio do Planalto. Di Cavalcanti foi um dos maiores ícones do movimento modernista da década de 1920.