Área do CIC sai da pauta de leilão

Vendedores ambulantes que trabalham no Centro de Integração Comercial (CIC) da avenida Marechal Floriano estão mais aliviados. Recentemente, após uma rodada de negociações, a área comercial foi retirada da pauta de leilão do governo do Estado. 

A deputada Adriana Lara (PL), os vereadores Esquerda (PTB) e Caio Ferreira (PDT), e a presidente da associação que representa os comerciantes do CIC, Ana Paula Pereira, se reuniram com o Secretário Adjunto da Casa Civil, Paulo Pereira, na última sexta-feira, para tratarem sobre o possível leilão da área onde atuam os trabalhadores do CIC. Durante o encontro, o Secretário garantiu que os proprietários das 91 bancas que estão no local não serão despejados e o espaço não irá para leilão. 

Conforme informou para a reportagem do jornal Folha do Sul o vereador Caio Ferreira, o município buscará a cedência da área. Entretanto, não foi dado um prazo para que isso ocorra. 

  

Alívio 

A decisão foi comemorada pelos vendedores ambulantes que ocupam o espaço. De acordo com Ana Paula, a retirada do espaço do leilão garante o sustento de muitas famílias. “É um tremendo alívio. A gente vai continuar tendo o espaço para trabalhar”, disse. A estimativa é que cerca de 300 famílias dependam do trabalho realizado no local. 

Caso a cedência seja concretizada, dará fim a uma história que já dura algumas décadas. Além da incerteza da permanência no espaço, os ambulantes precisaram enfrentar a pandemia e um lockdown, que quase inviabilizou a continuidade do trabalho. “O equilíbrio financeiro dos comerciantes não foi mais o mesmo. Diante de uma despesa fixa e mensal de R$ 24 mil, incluindo taxa de ocupação e despesas locais e mais a grande concorrência com os camelôs instalados nas calçadas, chegamos ao ponto de ter que admitir que não dava mais pra sustentar tal situação”, lembrou a presidente. 

“O contrato de autorização de uso com estado é precário, sendo realizado de dois em dois anos e sempre no final temos que apresentar uma proposta de compra. Está inviável aos comerciantes do local”, finalizou Ana Paula. 

 

Relembre 

Na edição do dia 2 de março o jornal Folha do Sul noticiou a preocupação dos ambulantes com a inclusão da área do CIC em um leilão do governo estadual. Em reunião na capital gaúcha a presidente da associação que representa os comerciantes do CIC foi comunicada que dentro de dois meses o estado deve colocar a área do CIC em um edital de venda de espaços públicos. Diante disso, foi aberta uma rodada de negociações para que os trabalhadores pudessem reverter a situação. 

  

Histórico  

A história de negociações entre camelôs, Estado e município não é de hoje. Desde que venceu a cessão gratuita do espaço as partes negociam formas de ajustar as questões.  

No ano de 1998 o município recebeu a cessão gratuita do espaço pelo prazo de 20 anos. A administração municipal da época acomodou os ambulantes no prédio que passou a ser conhecido como CIC.  

A cessão gratuita venceu em 2017 e o município não teve interesse em renovar a cessão, já que não haveria mais a gratuidade.   

A solução proposta na época foi uma cessão onerosa válida por dois anos com proposta de compra ao final do prazo. Entretanto, os ambulantes não conseguiram o valor para compra da área. O contrato então passou a ser de ocupação onerosa, com um valor pago ao Estado.  

Em 2022 município e Estado iniciaram uma negociação para que o imóvel fosse cedido para a administração municipal como pagamento de uma dívida da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Contudo, o governo estadual pagou a dívida em dinheiro, sepultando a negociação.