As negociações do acordo coletivo de trabalho entre o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Bagé e Região (STIA/Bagé) e a empresa Marfrig/Pampeano, em Hulha Negra, seguem sem avanços concretos. A primeira reunião ocorreu em fevereiro, quando a empresa apresentou uma proposta que foi rejeitada. O sindicato, então, formalizou uma contraproposta baseada em deliberação anterior dos trabalhadores, mas a resposta da Marfrig só veio 40 dias depois, no início de abril.
A nova proposta da empresa inclui reajuste de 4,17% — apenas a reposição da inflação —, sem aumento real, como enfatizou a divulgação do sindicato, e um piso salarial de R$ 1.871,12. Também foram propostos, conforme a STIA, “retrocessos em conquistas históricas”, como a redução do tempo para troca de uniforme, diminuição de percentuais em horas extras e adicional noturno, e limitações no reconhecimento de atestados médicos emitidos pelo sindicato.
Outro ponto polêmico, ainda de acordo com a STIA, foi o quinquênio, que a empresa só aceitaria conceder a quem recebe até R$ 2,5 mil, e ainda assim com limite de até três quinquênios. A proposta ainda condicionava esse benefício à aceitação de mudanças nas demais cláusulas do acordo, o que gerou forte insatisfação por parte dos representantes do sindicato.
O presidente do STIA/Bagé, Luiz Carlos Cabral Jorge, criticou duramente a postura da empresa, classificando a proposta como “indecente” e “humilhante”. Ele afirmou que o diálogo permanece aberto. Inclusive, o sindicato já apresentou nova contraproposta: reajuste de 6,17%, piso salarial de R$ 1.907,05 e manutenção das cláusulas vigentes. O sindicato enfatizou que a categoria está há quase 15 meses sem reajuste. Cabral adverte que, se a Marfrig insistir nas atuais condições, os trabalhadores serão chamados para decidir os próximos passos da mobilização.