Preço do ovo e do café recua; arroz e feijão atingem menor valor em 12 meses
Júri
"Cebolinha” é condenado a 10 anos e oito meses de prisão

Luciano Madeira -
Aconteceu nesta terça-feira, 10, o julgamento de Bruno Nunes Brião, conhecido como "Cebolinha", de 29 anos, natural de Bagé, e Pierry Sinon Lopes, 24 anos, também natural de Bagé. Ambos estavam presos no Presídio Regional de Bagé acusados de tentativa de homicídio. Réu Pierry foi absolvido da acusação e Bruno foi condenado a 10 anos e oito meses em regime fechado, sem o direito de recorrer em liberdade.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, a dupla tentou matar a vítima Luan Nunes Pereira. O crime aconteceu no dia 24 de novembro de 2023, por volta das 7h, na avenida Visconde de Ribeiro Magalhães. Consta na denúncia que os dois, tripulando uma motocicleta, foram até a casa da vítima, onde arrombaram a porta da frente, arrastaram Pereira para fora e desferiram diversos golpes de faca.
Segundo o Ministério Público, o crime foi motivado por um acerto de contas, já que o réu Bruno não aceitava o término de seu relacionamento. Sua ex-companheira era, à época, parceira da vítima. No dia dos fatos, a mulher começou a gritar por socorro, o que fez com que os agressores fugissem.
Depoimentos
O primeiro a ser ouvido foi a vítima, Luan Nunes Pereira, que pediu para prestar depoimento sem a presença dos réus, pois disse que se sentia constrangido. Ele relatou que estava dormindo em casa naquela manhã quando ouviu um barulho na porta. Ao verificar, viu o réu Bruno armado com uma faca. “Eu fui correr, tropecei, caí, quebrei o pé e ele começou a me golpear. Foram cerca de cinco facadas. Uma me atingiu a barriga e vi as tripas saindo para fora. Comecei a segurar e meu cunhado me socorreu, me levando ao Pronto-Socorro da Santa Casa, onde fui internado e passei por cirurgia”, relatou.
A vítima afirmou que conhecia os réus e que, desde julho daquele ano, estava se relacionando com a ex-companheira de Bruno. No mês seguinte, ouviu de terceiros que o ex-marido da mulher teria dito que “ia lhe pegar”, mas afirmou nunca ter imaginado que isso aconteceria em sua casa. Questionado pela promotora Ângela Hackbart Conde se Pierry, o segundo réu, estava com Bruno no momento do crime, a vítima respondeu que não era ele.
Perguntado se estava armado, Luan negou: “Eu estava deitado quando tudo aconteceu”. Ele disse ainda que só soube, à noite, no hospital, que Bruno havia sofrido uma tentativa de homicídio no mesmo dia. Também foram ouvidos um delegado da Polícia Civil e a mãe do réu Pierry.
O primeiro a ser interrogado foi o réu Bruno Nunes Brião, que afirmou que tudo aconteceu porque ele foi casado por oito anos e começou a desconfiar da esposa. Segundo ele, a vítima levava a moto para conserto em sua oficina e, de repente, parou de frequentar o local. “Minha ex-mulher sempre arrumava uma desculpa para a gente brigar e depois saía de casa dizendo que ia dormir na casa de uma amiga, na Cohab. Naquela noite fui até essa amiga e ela não estava. No outro dia de manhã, pedi carona para o Pierry, que me levou até a casa da vítima, na Agrovila. Quando abri a porta, foi um choque: eles estavam deitados nus na cama, com meu filho de pouco mais de um ano junto”.
Bruno afirmou que “perdeu a cabeça”. Disse que a vítima pegou uma faca sobre a mesa e foi em sua direção. “Corri, ele veio atrás, caiu e quebrou o pé. Aí eu fiquei cego, peguei a faca e desferi as facadas. Mas eu não queria matar. Parei de golpear, recuperei os sentidos e pensei: o que estou fazendo? Então fui embora”.
"Vendo lanche no presídio para sustentar minha família"
O réu Pierry Sinon Lopes foi orientado por seu advogado, Sérgio dos Santos Lima, a responder apenas aos questionamentos da juíza Naira Melkis Pereira Caminha. Segundo Pierry, ele está preso há mais de um ano injustamente. “Não sou de facção, tenho minha própria empresa de construção civil em Rio Grande e vim a Bagé para construir a casa da minha mãe".
Pierry disse que Bruno lhe pediu uma carona, dizendo que queria “ver uma verdade”. “Perguntei: tu não tá armado? Ele disse que não. Quando chegamos lá, fiquei de longe e vi eles brigando. Fui apartar a briga e disse: deixa isso pra lá, tem tanta mulher”. Após o fato, Pierry afirmou ter ligado para sua mãe relatando o ocorrido e, no início da noite, foi até a delegacia para contar o que aconteceu, mas não foi atendido.
O réu afirmou que hoje vende lanche dentro da galeria do presídio para sustentar sua família. Disse ainda que tudo o que mais deseja é ser solto, voltar a ser feliz e reencontrar os filhos.
Na acusação, atuou a promotora Ângela Hackbart Conde. Na defesa de Bruno Nunes Brião, atuou o defensor público Marcus Vinicius Becker. Já Pierry Sinon Lopes foi defendido pelo advogado Sérgio dos Santos Lima, de Santa Maria. Os trabalhos foram presididos pela juíza Naira Melkis Pereira Caminha.
Foto: Luciano Madeira
Legenda: Bruno (de roupa escura) admitiu crime, Pierry (de branco) garantiu estar preso injustamente
Deixe seu comentário