Falta de teatro municipal marca data dedicada à arte

por Priscila Petrecheli  

Neste 27 de março, o mundo celebra o Dia Mundial do Teatro, uma homenagem à quinta arte e à sua importância cultural. Criada em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI), a data busca valorizar e promover essa expressão artística, que atravessa séculos como uma das formas mais antigas de manifestação cultural. No entanto, em Bagé, a classe teatral e a comunidade ainda não tem muito o que comemorar. Isso porque quem faz teatro na cidade enfrenta um desafio que se arrasta há anos: a ausência de um teatro municipal. 

História 

No passado, o município de fato possuía casas de espetáculo, como o Teatro 28 de Setembro, construído no ano de 1872. O teatro fez parte da história bageense, estando presente até mesmo no cerco de Bagé, em 1893, quando a cidade foi atacada por cerca de três mil federalistas. Na época, os federalistas ocuparam o Teatro 28 de Setembro, a Beneficência Italiana, o Mercado Público e os quartéis. 

Inclusive, o cinema em Bagé teve sua estreia no Teatro 28 de Setembro, logo depois que as primeiras exibições ocorreram na França. A primeira sessão cinematográfica foi em Paris, no Grand Café, em 28 de dezembro de 1896, quando os irmãos Lumière exibiram um documentário denominado “Saída dos Operários da Fábrica”. Dois anos depois foi exibido na Rainha da Fronteira, em 1898, antes mesmo de Pelotas e de Rio Grande.  

Contudo, no ano de 1917, o operador do cinema causou um incêndio ao ter aproximado um foco de luz elétrica de um rolo de fita, afastando-se da máquina sem tentar apagar o fogo. Bagé não tinha Corpo de Bombeiros na época. Assim, com o fim desse grande teatro, teve início um sonho, que perdura até hoje.  Vale mencionar que também houveram cine teatros, como o Glória e o Avenida – este também destruído em um incêndio, no ano de 1997.  

Vontade e estruturas 

O debate sobre a necessidade de um teatro municipal não é novo. De acordo com o secretário municipal de Cultura, Zeca Brito, projetos voltados para a construção de um teatro municipal foram elaborados durante a primeira gestão do prefeito Luiz Fernando Mainardi (PT), entre 2001 e 2008. Segundo Brito, a intenção da atual administração é resgatar essa demanda gradativamente, fortalecendo a pauta dentro do planejamento cultural do município. 

Atualmente, a Secretaria de Cultura dispõe de alguns espaços que podem abrigar apresentações teatrais, como o Instituto Municipal de Belas Artes (Imba), o auditório do Palacete Pedro Osório e o Teatro Santo Antônio, localizado no complexo histórico de Santa Thereza. No entanto, a estrutura desses locais ainda impõe desafios às produções teatrais, tanto em termos de capacidade quanto de infraestrutura técnica. 

Futuro 

Diante desse cenário, Brito destaca que uma das prioridades da gestão é a ocupação desses espaços com atividades culturais e a ampliação da oferta de espetáculos à população. O objetivo, segundo ele, é fomentar o debate sobre a necessidade de um teatro municipal e fortalecer o movimento artístico local. “No primeiro momento nossa gestão pretende ocupar esses espaços com atividades culturais e com a oferta de espetáculos”, afirma o secretário.  

Para o secretário, a retomada desse debate passa pelo incentivo à ocupação dos espaços culturais já disponíveis. A iniciativa visa não apenas fortalecer a cena teatral local, mas também reconhecer o trabalho dos grupos artísticos de Bagé e levar os espetáculos para um público mais amplo.