O Rio Grande do Sul enfrentou em 2024 uma das piores enchentes de sua história, afetando 95% do Estado e deixando milhares de desabrigados. Em meio ao caos, um grupo de cinco arrozeiros de Pelotas uniu esforços para impedir que um dique se rompesse, evitando danos ainda maiores. Além disso, usaram sua experiência com drenagem para ajudar a escoar a água de locais críticos, como o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e cidades do Vale do Sinos. Essa história de solidariedade e ação rápida é contada no livro Drenar – A força voluntária que enfrentou as enchentes no Sul, lançado durante a 35ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, em Capão do Leão.
No evento de lançamento, os cinco arrozeiros – Guilherme Gabret da Silva, Henrique Levien, Fabrício do Amaral Iribarrem, Lauro Soares Ribeiro e Antoniony Winkler – relataram como se organizaram para mobilizar recursos e equipamentos em tempo recorde. Sem um plano estruturado, mas guiados pela urgência da situação, eles reuniram bombas, caminhões e geradores para enfrentar as águas. A iniciativa, batizada de Drenar RS, tornou-se um exemplo de como a cooperação pode fazer a diferença em momentos de crise.
A tragédia teve início com as chuvas torrenciais de maio, que elevaram o nível do Guaíba a patamares históricos, resultando no colapso de diques e inundações em diversas cidades. Cientes do perigo iminente, os arrozeiros montaram uma operação emergencial para evitar que Pelotas também fosse atingida. Com apoio da então prefeita Paula Mascarenhas e da Federarroz, conseguiram reunir equipamentos e voluntários para instalar uma casa de bombas emergencial, garantindo o escoamento da água para canais mais seguros.
A experiência bem-sucedida em Pelotas os levou a expandir a operação para outras áreas, enfrentando desafios ainda maiores. Em Porto Alegre, onde a energia elétrica estava comprometida, a solução foi usar tratores para acionar as bombas. Inicialmente, receberam a oferta de cinco máquinas do Instituto John Deere, mas insistiram na necessidade de 20. O esforço deu resultado e, em oito dias, o Aeroporto Salgado Filho estava seco, permitindo a retomada das operações.
A iniciativa se espalhou para outras cidades, como São Leopoldo, Novo Hamburgo, Guaíba e Canoas, sempre contando com a rede de solidariedade e doações de equipamentos. O sucesso da mobilização sem reuniões formais ou planejamentos extensos levou os integrantes do Drenar RS a refletirem sobre o que poderiam ter feito com mais tempo e recursos. O livro não apenas documenta esse feito heroico, mas também serve como inspiração para futuras ações de enfrentamento a desastres naturais.